A United Women in Health teve o prazer de entrevistar Ana Luiza Lemos Queiroz, bióloga pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, Ana atua como Postdoctoral Research Fellow na Harvard University na área de biologia sintética. Criadora da Abroad Assessoria, Ana ajuda e orienta diversos estudantes brasileiros que possuem o desejo de obter experiência acadêmica e profissional no exterior. 

 

Foto: acervo pessoal

Ao olhar o currículo de Ana Luiza antes de contatá-la para a entrevista, ficamos maravilhadas com a sua trajetória. Antes de conseguir o cargo de Postdoctoral Research Fellow em Harvard, Ana realizou iniciação científica na UFMG, graduação sanduíche nos Estados Unidos na University at Albany e Plattsburgh State University, e estagiou em microbiologia na escola de Medicina da Harvard University. 

Com sua dedicação à genética, Ana Luiza fez o seu mestrado na UFMG e realizou estágio de verão no departamento de medicina (Wellcome Trust for Human Genetics) na Universidade de Oxford! No seu doutorado, ainda na mesma área, Ana viveu a experiência de um doutorado sanduíche na Harvard Medical School.

  1. Conta um pouco pra gente sobre a sua trajetória acadêmica. Vimos que você começou a fazer Biomedicina, mas trocou por Ciências Biológicas. O que te motivou a mudar de curso?

    Eu fiz o vestibular para os dois cursos ao mesmo tempo. Iniciei biomedicina no começo do ano, mas ciências biológicas eu havia sido aprovada para iniciar no segundo semestre. Por um semestre eu fiz os dois cursos ao mesmo tempo, mas percebi que não era a melhor opção para mim, pois ficava muito corrido e bastante apertado para realizar estágio. Optei por continuar apenas no curso de ciências biológicas e fazer iniciação científica. 

  1. Conseguir uma graduação sanduíche, principalmente nos Estados Unidos, é uma grande conquista! Como foi a experiência na State University of New York? Como essa oportunidade contribuiu para o seu crescimento profissional, acadêmico e pessoal, e como isso foi vantajoso para o seu ingresso na pós graduação?

    Eu tinha bastante dificuldade com o inglês na época que fui para a State University of New York, mas havia conseguido tirar a nota exigida no teste de proficiência para ir para os EUA. Chegando lá eu tive que me esforçar muito para conseguir acompanhar as aulas, e para isso eu passava até os domingos estudando na biblioteca para dar conta. Mas foi ótimo, foi quando eu finalmente aprendi inglês de verdade e percebi quantas portas esse conhecimento me abriria, ainda mais estando envolvida com ciência. Foi a primeira vez que eu morei fora do Brasil e ocorreu uma transformação completa na minha vida pessoal e na profissional. Durante o período nos EUA eu também realizei estágio em pesquisa com microbiologia em Harvard, que resultou em mais experiência prática e também publicação que certamente me ajudaram muito nas seleções que fiz posteriormente.
  2. Como foi realizar o período sanduíche na Universidade de Oxford durante o mestrado? Muitas pessoas acreditam que, pelo fato de o mestrado durar apenas 2 anos, é quase impossível pensar em passar meses em outro país. Você sempre pensou em ter essa experiência na pós graduação?

    Foi incrível! Foi a oportunidade de morar em mais um país, conhecer uma nova cultura, morar em uma cidade encantadora e cheia de história e ainda fazer pesquisa em um instituto referência e aprender muito sobre pesquisa na minha área. Meu mestrado durou apenas 1 ano e 3 meses, mesmo fazendo um estágio de verão em Oxford.
    Eu nunca havia pensado em ter essa experiência na pós-graduação pois na época eu sequer sabia que isso era uma possibilidade. Quando eu descobri, eu não deixei a oportunidade passar! 

   

 

      Foto: acervo pessoal

  1. Dizem que, quando você começa a viajar e a ter novas experiências, você não consegue mais parar. Podemos dizer que isso está relacionado com o fato de você, durante o seu doutorado, ter se tornado uma pesquisadora visitante na Harvard Medical School?

    Tem uma frase que eu gosto muito do Robin Sharma: “Não repita o mesmo ano 75 vezes e chame isso de viver a vida”. Quando saímos do nosso lugar de sempre e temos novas experiências parece que vivemos meses em questão de dias. O mundo é grande e diverso demais para ficarmos para sempre no mesmo lugar. 

  1. Como já mencionamos, o seu currículo é cheio de experiências internacionais e é extremamente impressionante! De forma geral, como foi o processo de application na State University of New York, na Universidade de Oxford e na Harvard Medical School? Você já tinha contato com algum professor de tais universidades antes de ir?

    Eu nenhum desses processos eu conhecia professores das universidades antes. Em todos eles eu conheci só na hora da seleção mesmo. Os processos que participei foram totalmente dependentes da minha iniciativa, também não tive nenhum professor no Brasil que tinha parcerias no exterior para me indicar. Os processos foram bem diferentes em cada instituição, mas principalmente porque para cada um eu apliquei para uma oportunidade diferente. A única coisa que foi igual para todas foi a necessidade do envio do currículo e carta de recomendação, os demais documentos e etapas foram bem diferentes.
  2. Atualmente, você ocupa o cargo de Research Fellow na Harvard Medical School. Como está sendo a experiência e quais são os seus planos futuros?

    Está sendo incrível. É muito bom estar em um local que oferece muito suporte ao desenvolvimento da sua carreira e toda a estrutura para a realização dos experimentos, além de verba para os reagentes necessários e que são entregues rapidamente. Estou fazendo parte de um grupo que tem sido bastante colaborativo, onde tenho a oportunidade de aprender bastante. Ainda não tenho certeza de quanto tempo continuarei por aqui, já que meu marido está na Inglaterra e nosso plano futuro é estarmos junto em um lugar que seja bom para os dois. 

  1. Alguma dica que você daria para as pessoas que estão começando a buscar uma carreira no exterior?

Aprender o inglês, pois é um dos primeiros passos para conseguir oportunidades pelo mundo, inclusive naqueles países cujo inglês não é o idioma oficial. Não precisa ser “super fluente”, mas precisa conseguir se comunicar. Ao mesmo tempo, é preciso conhecer as oportunidades que existem, pois é preciso conhecer as suas opções e escolher aquelas que fazem sentido para você e ninguém aplica para aquilo que não sabe que existe. 

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